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Mostrando postagens de 2011

Fazer caridade à custa de que?

Há quem doa roupas para proteger do frio, Mas não consegue esquentar um coração. Há quem dá toda sua riqueza aos pobres, Mas não lhes dá voz nem dignidade de agir por si. Há quem ao pobre dá trabalho, Mas continua o vendo como ninguém. Há quem reclame da inércia e da falta de protagonismo dos moradores de rua, Mas nunca acredita na capacidade deles de pensar, decidir e agir por si próprio com assertividade. Há quem doa alimento para nutrir o corpo de um mendigo, Mas suga sua alma com a indiferença da própria altivez.

Drogas, moradores de rua e humanidade

Sair das drogas requer muito mais que cuidados médicos. Requer uma infraestrutura ao redor que suporte o significado de uma vida sem drogas. Alias mais que isso, uma rede de significados e valores. Se eu estivesse falando de uma estrutura material somente, não seria justificada a dificuldade de tantas pessoas das classes A e B que hoje estão afundados nas drogas. Tive a oportunidade de conhecer famílias dessas classes cujos valores se baseavam no dinheiro ou no intelecto. “Você é importante para mim, veja o tanto que eu invisto em você!”; “Você tem que estudar para ser alguém na vida!”  Por acaso quem não estudou não é alguém? E como fica quem estudou, se formou, mas não se identifica com os estudos? Não se identifica com “ ser alguém ”? Os valores modernos baseados no ter e no ser distanciaram o ser humano de sua humanidade, e mais ainda das questões básicas de sua existência. Dai as mediações humanas ganharam caráter superficial e temporário. Quando alguém, morador

Internação Compulsória x Vínculo

Tudo bem que quando em uso compulsivo da droga, principalmente o crack, dificilmente a pessoa está consciente suficiente para aderir ao tratamento. Até porque a compulsão pela droga é capaz de interferir nas suas funções psíquicas. Mas a questão é: A ajuda forçada funciona? Entendo o desespero, bem intencionado, de querer ajudar alguém que de forma compulsiva destrói sua vida. E que muitas vezes no ímpeto momentâneo de querer ajudar “tudo vale”. O que tenho aprendido sobre a dependência química é a importância do vínculo. Sem ele dificilmente há sucesso na intervenção. E daí o grande problema da internação compulsória é que ela dificulta grandemente, para não dizer que vai contra ao vínculo que pode ajudar o indivíduo. Não digo que seja impossível haver vínculo quando há internação compulsória, pois como psicólogo sei também que esse se dá das mais diversas formas e tem os mais diversos significados dentro da história de cada pessoa. É o vínculo que vai fazer o usuário a aderir ao trat

Cortina de Fumaça

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Drogas: Polícia, Educação, Saúde ou Assistência?

   O garoto sofre violência domestica e não é atendido por nenhum serviço. Mora do lado de um CRAS – Centro de Referencia da Assistência Social e nunca recebeu qualquer tipo de assistência. Até porque lá a NOB-RH / SUAS - Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência não é cumprida. Os Profissionais não receberam capacitação e o psicólogo lá, não sei por que, faz Clínica e não atendimento psicossocial. O PAEFI que é um serviço de proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos, é terceirizado para uma ONG que não faz o que deveria fazer e tem fila de espera para atendimento.    A polícia, nada amiga, matou seu melhor amigo por acidente. Quem manda no seu bairro é o tráfico, em sua rua tem duas ou três biqueiras de venda de drogas.   Na escola, os problemas de casa povoando sua cabeça, tornam insuportável às quatros horas sentado ouvindo uma professora sem criatividade expor o quadrado da hipotenusa.   Até tem televisão em casa, mas é impossí

RAFAEL MARMO: MEDICALIZAÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS E DA EDUCAÇÃO

RAFAEL MARMO: MEDICALIZAÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS E DA EDUCAÇÃO : Chega às crianças e adolescentes a transformação de problemas sociais e educacionais em doenças, com o objetivo de individualizar questões c...

Internação

Meu Pai é um alcoolista, Por varias vezes foi parar no Pronto Socorro, Tomava glicose na veia e era sempre liberado, Sem ninguém falar mais nada do porque bebia, Ou de como parar. Ele também sofreu muito com meus avôs, também alcoolistas, Direto e reto ele espancava minha mãe, Que não podia falar nada para ninguém, Com medo de perder meu pai, que ela amava muito e dizia compreender “o porquê” ele era assim. Por varias vezes minha mãe foi ao posto de saúde fazer os exames de rotina, E nunca ninguém lhe perguntou nada, Daqueles hematomas que ela trazia por todo o corpo e a todos causava estranheza. Nem mesmo a assistente social que nos dava uma cesta básica todo mês, Indagou “o porquê” ela com muitas dores pelo corpo não conseguia carregar a cesta sozinha. Resolvi sair de casa, Apesar dos meus amigos vizinhos, Meus familiares que moravam perto, Mas não sei, Incomodava-me estar em minha casa, Ver tudo que via e como as moças do posto ou a as

O direito de ser respeitado

Primeiro queriam que eu fosse medico, Eu queria ser bombeiro, Depois que eu torcesse para esse e não aquele time. Me disseram que minha namorada não valía a pena, Que eu devia fazer isso ou aquilo Esvaziaram minha vida de sentido Cada um forçando a sua vontade Agora que nada me vale Que peço ajuda Porque ainda me julgarem, Antes de me darem o que preciso urgente? Porque seus valores são mais importantes que os meus? E não deixem fazer de minha vida o que quiser? Me deem apenas o que todo mundo tem direito. Aos serviços de saúde e o respeito. Deixem me dispensar seu olhar de reprovação, Pois ele nunca me ajudou.

Redução de Danos

É preciso ter coragem, Para salvar sem ver o pecado, Sem fazer juízo de valor, E se fixar somente no que é possível, Naquilo que se pode fazer. Sem ser utópico, Moralista ou Juiz. Mas apenas fazendo seu papel. Salvando vidas Ou ajudando aquelas que Não iriam ser salvas de outra maneira A de alguma forma serem felizes. Enfrentando reprovações, Assombros moralistas e o próprio medo. Mas indo a diante. Em prol do respeito, Da vida e do que é possível.

Seu Filho Diferente

Pe. Zezinho Foi bonito concebê-lo. Vocês dois o queriam Mais do que qualquer riqueza. E foi um mar de felicidade A notícia da gravidez, Até aquele dia da outra notícia. Santo Deus! Como doeu lá dentro. Sim, vocês seriam pais, Mas pais de uma criança diferente: Síndrome de Down. Não fosse a paz do médico, Da enfermeira, dos pais. Se não fosse a palavra serena Do padre, dos amigos. Não fosse aquele casal que também Passou por isso. Não fosse o pai e a mãe que vocês Já eram, Tudo seria dor e tragédia. Não foi! Ele nasceu, e aquele rostinho diferente, Aqueles olhinhos diferentes, Aquele serzinho humano e feliz Iluminou vocês a cada gesto que fazia. Ensinou-lhes o sentido da esperança E a definição mais clara de pessoa. Às vezes ainda dói, em algumas Perguntas estranhas Ou gestos imaturos, Como aquele casal insensível Que olha e fala bobagem; Aquela criança ou aquela mocinha Que não sabem Como acolher o mistério. Ma

Boderline - No limite da sensibilidade

Tudo é cinza... Ela olha para mim Tudo fica colorido Tudo é bonito Não sou mais dono de mim Me Entrego Paixão intensa Tudo vale Não existe mais outra coisa que me ampare Mas logo... Frustração, decepção e ódio Tudo é vermelho! Ela não presta, nada presta Minha vida nem a mim me interessa, Quero morrer, Me mordo, Me bato, Me drogo, Me arrisco Logo em seguida estou calmo, ninguém tem nada com isso. Tudo é cinza Ela olha para mim....

Deixa-me chorar...

Deixa-me chorar... Não me venham oferecer antidepressivos, Nem venham me consolar com frases feitas, Mentiras ou fantasias para encantar crianças. Deixa-me pagar meu tributo com lagrimas por aquilo de valioso que perdi. Essa é a única forma que tenho, de me doar por algo que se foi. De fazer com o sumo de meu coração, minha mais valiosa e derradeira homenagem. Se foi importante para mim, porque tenho agora que ser indiferente? Se foi bom e perdi, porque então devo sorrir? Quero sorrir quando merecer sorrir, Quero chorar quando me arrancar pedaços. Se for frio, quero gemer, Se for quente, quero transpirar Não quero essa cultura do sem sentido, do sem valor. Quero sentir a dor, E sofrer para saber que entre espinhos e arranhões desabrocha a vida em flor.

Um remédio para cada coisa

Eu tinha muita energia quando criança, E por isso me deram ritalina, Gostava de imaginar coisas, conversar com meus amigos imaginários E logo me deram rispiridona. Certa vez meu passarinho morreu, fiquei muito triste Ai me deram fluoxetina. Haviam dias divertidos, que eu estava super animado, Outros nem tanto que eu precisava descansar, ficar em casa, As vezes até estava magoado com algum amigo, Me deram lithiun. Já adulto eu era muito irritado com as contrariedades e injustiça que eu sofria Mandaram-me tomar carbomazepina, Daí a vida não parecia mais excitante, Tudo tendia ao monótono, Fui eu mesmo buscar cocaína.

Quebraram os manicômios com os livros de Foucault e prenderam seus residentes nas páginas de Lacan

A reforma psiquiátrica já é uma realidade, a despeito das pequenas resistências que encontramos em alguns setores. Contudo tal reforma é também uma mudança de paradigma e deve operar sobre as convicções e formas de agir da sociedade e principalmente nos profissionais da saúde mental. Tirarmos as pessoas dos hospícios, onde eram amontoadas, judiadas e tendo sua situação psiquiátrica e condição de vida piorada, mas as colocamos nas ruas ou então, sem dar condições para as famílias, nem trabalhadas as questões da reforma psiquiátrica com seus visinhos, fazemos destes indivíduos um incomodo ou estorvo para as pessoas a sua volta. E ainda, com as drogas tão próximas do cotidiano os transformamos em zumbis pelas ruas da cidade. Não quero com isso, dizer para sair a reforma psiquiátrica e voltar os manicômios, mas que entre nas cabeças a reforma de verdade e saiam os manicômios que tanto interferem nas formas de agir e pensar. Nos serviços de saúde mental existem muito profissionais sé

Mãe, ela vai ser Surda!

Quando ela era pequena brincava de casinha, De mamãe filhinha, Carregava de um lado a outro uma boneca, Sonhando com uma filha que teria no futuro. Sua filhinha já tinha até nome e em sua imaginação, personalidade e voz. Conversava com ela, ouvia na sua imaginação seus choros. Sonhava feliz brincando de ser mamãe. Algumas vezes contava historias ao lado da cama para a boneca dormir, Também dava sermões imaginando uma peripécia de sua filhinha. Com o tempo a boneca perdeu a graça, E acabou dando lugar aos livros e garotos da escola. Mas guardava o desejo de ser mãe, Ainda a imagem de boneca que durante a infância lhe acompanhava nas brincadeiras, O desejo de não mais brincar, mas ser mamãe e ter uma filha para conversar, e contar historias para dormir. Conhece alguém especial, casa-se e fica grávida... Fica sabendo que vai ser menina, E passa nove meses sonhando com cuidados e brincadeiras com a filhinha. Decora histórias de ninar, músicas infantis e sonha com o choro da bebê. A bebê na

Escola: Deposito de Gente?

     Ouvi por esses dias de uma diretora, preocupada por conta do comportamento de um de seus alunos, “que a escola não era um deposito de gente”, por isso iria dispensar esse aluno duas horas mais cedo e assim seria até que ele melhorasse seu comportamento e rendimento escolar. A justificativa além do comportamento que a escola não conseguia controlar era o rendimento escolar, entendendo esse de acordo com os critérios da diretora ou dos profissionais daquela escola. Contradizendo o papel da escola na educação em seu sentido mais amplo, como preconiza os marcos históricos da Educação em nossa legislação.      Em certo momento foi evocado, como argumento de autoridade, seus anos de experiência na educação. Estava ai! Com tantos anos de experiência talvez ela não tenha se preocupado em se atualizar e quando de sua formação enquanto educadora talvez não existisse o ECA, não se ouvia falar da UNESCO e nem dos direitos humanos. Muito menos das Leis de Diretrizes e Bases da Educação.

Eu só peço a Deus

Intrepretação: Beth Carvalho e Mercedez Sosa  Eu só peço a Deus Que a dor não me seja indiferente Que a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o q’eu queria Eu só peço a Deus Que a dor não me seja indiferente Que a morte não me encontre um dia Solitário sem ter feito o que eu queria Eu só peço a Deus Que a injustiça não me seja indiferente Pois não posso dar a outra face Se já fui machucada brutalmente Eu só peço a Deus Que a guerra não me seja indiferente É um monstro grande e pisa forte Toda fome e inocência dessa gente Eu só peço a Deus Que a mentira não me seja indiferente Se um só traidor tem mais poder que um povo Que este povo não esqueça facilmente Eu só peço a Deus Que o futuro não me seja indiferente Sem ter que fugir desenganando  Pra viver uma cultura diferente

Pulso Vontade

Pulso vontade, Tenho vontade de viver todas as coisas De sentir no externo todo meu potencial, De me fazer eterno, De experimentar tudo sem limites. E se vive assim, Se vive assado Se dura tanto tempo, Vem, volta, vamos juntos, vamos separados. Experimenta-se aqui e/ou acolá. Mas isso pode, Aquilo é proibido. Tal é Certo e tal errado, Bom e ruim. Gostoso, horrível, Bonito e feito. A noite minha vontade é quem diz o que é certo o que é errado Meu dia é quem mostra como se fazem as coisas, E meus medos é quem dizem o que é bom o que é ruim.

Quebrando o Tabu (2011) | Trailer Oficial

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Super Homens na Sarjeta

Sobre Ansiedade, Diazepam e Cachaça Tive oportunidade de atender enquanto estagiário do Albergue de Campinas, um rapaz muito ansioso, revoltado por não lhe terem receitado medicamento para dormir em uma consulta psiquiátrica. Ele estava bravo, e foi muito agressivo comigo quando tentei explicar o porquê o psiquiatra não teria lhe receitado tal medicamento. Mas ele insistia. Em certo momento, tive que aumentar o volume de minha voz e ser firme com ele. Os olhos vermelhos de raiva parecia indicarem que ele iria me agredir, mas não, saiu da sala e abandonou o albergue dizendo que não fazíamos nada por ele. Tempos depois, ele retornou e queria falar comigo. Queria me dar uma devolutiva daquele atendimento tão tenso. Num primeiro momento, até achei que ele iria me acusar de alguma desgraça que tenha acontecido na sua vida por eu não tê-lo ajudado a arrumar aquele medicamento. Mas não, ele estava ali para agradecer, disse que tinha dois empregos, tinha alugado e mobilhado uma casa e m

Apenas Contemple

Silencio! Eu não quero escutar nada. Será que não pode ver o que eu vejo, Não pode ver a beleza das cores, Sentir a suavidade do vento, O perfume do campo? Silencio, Seu barulho só serve á ti, Para esvaziar a sua intolerância, E justificar sua incapacidade de perceber a beleza do mundo, E não me acrescenta nada. Veja comigo aqueles pássaros voando distantes, Sinta o ar batendo em seu rosto, Repare o doce alaranjado do por do sol de inverno! Veja como é bonito, Sinta como é gostoso. Observe que mais do que não deixar transbordar sua xícara de paciência, Essa experiência a alarga e a torna mais agradável. Não me venha com sermões, Nem queira me impor seu jeito de ser. Apenas contemple...

Frases do Livro: Na Natureza Selvagem

 Algumas sitações do livro  Na Natureza Selvagem, Jon Krakauer que conta a história de Chris McCandless, O SUPERANDARILHO um jovem americano que após terminar a faculdade decide doar todo seu dinheiro, abandonar seus pertences, adotar outro nome e sumir na estrada; dois anos depois ele é encontrado morto no Alasca (morreu por inanição). "É nas experiências, nas lembranças, na grande e triunfante alegria de viver na mais ampla plenitude que o verdadeiro sentido é encontrado." "Tanta gente vive em circunstâncias infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há al

MULTI, INTER E TRANSPROFISSIONAL

Na saúde e na Assitencia Social Trabalhar em equipe é um desafio, quando a equipe é formada por profissionais de diversas áreas do saber é um desafio ainda maior. É incontestável que quando temos profissionais de várias disciplinas olhando para um mesmo sujeito, sua compreensão tem muito para ser mais completa e, por conseguinte a intervenção ser mais assertiva. Contudo são métodos e linguagens diferentes, que só podem ser articulados dentro de um paradigma que sustente a troca ou a inter-relação eficiente dos saberes e quando o objetivo final é sempre o foco nas interações. Antes de falarmos da equipe com profissionais de várias disciplinas temos que falar da equipe com várias pessoas, independente de suas formações. Pessoas diferentes pensam diferente e sempre trazem a tona  suas singulares experiências de vida que podem interferir de forma positiva ou negativa no grupo. Além disso, mesmo os profissionaisfalando o mesmo dialeto, podem ser incomunicáveis se os canais de co

MEUS PRAZERES

Gosto de acordar cedo, Dormir mais um pouquinho, Levantar preguiçoso E só acordar da verdade debaixo do chuveiro. De escovar dentes e fazer a barba aproveitando a água morna do banho massageando minhas costas, De me vestir formal para disfarçar toda informalidade de meu coração, Sentir pela milésima vez o cheiro do perfume antes de passar, Tomar um pouquinho de café na xícara, Dirigir curtindo a direção, Óculos escuros, Vidros abertos, Som alto, Cantando ou tentando cantar cada música. Gosto de ouvir com os olhos, De tocar corações, De entender as pessoas E acender luzes. Gosto também de mostrar que o mundo é bonito, Mesmo que o único ponto de vista que se tenha dele tenha sido da sarjeta. Gosto de sentar em minha poltrona, Ouvir pessoas, sem ver rostos ou fazer rostos, Gosto de me curtir um pouco e lembrar quem eu sou antes de sair Fechar os vidros, E com ar quente voltar para casa. Tomar um café bem quente na varanda, Fumando um delic

The impact of a father (legendado)

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E peço ao balconista minha mãe

Meu pai era muito forte, Amava-o, mas não podia suportá-lo. Seu jeito de olhar, seu tom de voz me sufocavam e me faziam sentir medo. Suas criticas me geravam culpas, Culpas, que em minha pequenez não sabia administrar, Culpas, que transformavam as pessoas a minha volta em juízes, os quais precisava convencer a meu favor. Minha mãe, nunca enfrentou meu pai.  E eu também não. E sei que ela o temia muito. Ela me protegia. Me fazia esquecer toda culpa e também toda a realidade que me oprimia tanto, quando eu era tão frágil. Me alegrava e me fazia sentir gente, quando me ouvia falar, o que nem sabia bem o que. Quando estava em seu colo, podia sentir como em seu útero nadando no calor e na fluidez do líquido amniótico. Hoje meus pais não existem mais. Ainda me sinto oprimido pela culpa de tudo que faço, q uando sinto os olhos do meu pai em minha memória a me punir e a me julgar. Sem ninguém para me proteger, Procuro minha mãe para me fazer esquecer a dureza da realidade que n