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Centro de tratamento para o Crack e a Assistência social.

Durante a campanha eleitoral vi algumas ideias sobre a criação de um centro de tratamento para o Crack. Fiquei imaginando quem a gente iria colocar lá. Colorar-se-iam lá dentro essa sociedade doente em que vivemos que produz a necessidade do prazer e da alienação ou se colocarão lá dentro as famílias disfuncionais (não estou dizendo que existe um padrão de família: pode ser de dois pais, de duas mães, de tios ou de avós, digo funcional considerando que ela cumpra a sua função de oferecer o necessário para o cuidado e o desenvolvimento das pessoas), os abusadores, ou ainda se colocaríamos nesse centro de tratamento a fome, o desemprego ou a falta de moradia para lá se tratar. É fácil, embora caro e ineficiente isolar o sujeito que pode estar sendo vitima ou sintoma do problema, mesmo que em algum momento esse problema tenha sido gerado por sua escolha. Contudo é mais difícil, embora mais barato e eficiente cuidar das pessoas respeitando o seu jeito de ser, sua cultura, territóri...

Drogas e Direitos Humanos

Amigos Gostaria de poder contar com a ajuda de vocês para a uma questão muito importante que estamos vivendo neste momento. A questão das Drogas e dos Direitos Humanos. À custa de um discurso eleitoral, ideologia higienistas ou mesmo ignorância nossa sociedade tem deixado regredir nossos valores mais caros. O uso abusivo de drogas é um problema sério, que assola a família e a nossa sociedade. Colocando em risco a saúde e a segurança de nossos, filhos, irmãos, amigos e vizinhos. Mas a drogadição é antes uma doença que gera sofrimento primeiro e de forma mais intensa no drogadito. E embora doente ele, é uma pessoa, com uma historia, sentimento, sujeito de direito e de respeito dos demais. No desespero de querer ajudar, ou de mostrar serviço em época eleitoral, ou ainda limpar as cidades para os gringos de 2014 esses sujeitos doentes estão tendo seus direitos violados sendo vitimas de práticas que o tempo e pesquisas cientificas provaram não ter efeito. O uso da polícia contr...

Um monstro na Cracolândia

Como tratar o crack? Alguém tem uma receita clara e objetiva? Em uma das Universidades mais conceituadas do Brasil dois grupos respeitadíssimos divergem na leitura da forma de lidar com algo que acompanha a humanidade desde que esta passou a ter esse nome. A droga, assim como qualquer outra substancia que colocamos para dentro de nosso organismo, o altera. O chocolate, a batata frita, o açúcar além do prazer nos trazem outros problemas como a diabete e o colesterol. O grande barato da droga seja ela qual for é mudar a realidade, a distorcendo, deixando-a mais excitante ou mais amena. A usamos desde as mais tenras datas para tentar ler o futuro, fluir pensamentos, descontrair e rompermos as barreiras da timidez e entrar em contato com outras pessoas. A história está recheada de drogas, nos oráculos, nos banquetes da filosofia, nas ceias, ela sempre esteve ao nosso lado. O que torna a droga problemática hoje é o fato de que algumas delas são usadas de forma tão compulsiva a pon...

Drogas, moradores de rua e humanidade

Sair das drogas requer muito mais que cuidados médicos. Requer uma infraestrutura ao redor que suporte o significado de uma vida sem drogas. Alias mais que isso, uma rede de significados e valores. Se eu estivesse falando de uma estrutura material somente, não seria justificada a dificuldade de tantas pessoas das classes A e B que hoje estão afundados nas drogas. Tive a oportunidade de conhecer famílias dessas classes cujos valores se baseavam no dinheiro ou no intelecto. “Você é importante para mim, veja o tanto que eu invisto em você!”; “Você tem que estudar para ser alguém na vida!”  Por acaso quem não estudou não é alguém? E como fica quem estudou, se formou, mas não se identifica com os estudos? Não se identifica com “ ser alguém ”? Os valores modernos baseados no ter e no ser distanciaram o ser humano de sua humanidade, e mais ainda das questões básicas de sua existência. Dai as mediações humanas ganharam caráter superficial e temporário. Quando alguém, mora...

Super Homens na Sarjeta

Sobre Ansiedade, Diazepam e Cachaça Tive oportunidade de atender enquanto estagiário do Albergue de Campinas, um rapaz muito ansioso, revoltado por não lhe terem receitado medicamento para dormir em uma consulta psiquiátrica. Ele estava bravo, e foi muito agressivo comigo quando tentei explicar o porquê o psiquiatra não teria lhe receitado tal medicamento. Mas ele insistia. Em certo momento, tive que aumentar o volume de minha voz e ser firme com ele. Os olhos vermelhos de raiva parecia indicarem que ele iria me agredir, mas não, saiu da sala e abandonou o albergue dizendo que não fazíamos nada por ele. Tempos depois, ele retornou e queria falar comigo. Queria me dar uma devolutiva daquele atendimento tão tenso. Num primeiro momento, até achei que ele iria me acusar de alguma desgraça que tenha acontecido na sua vida por eu não tê-lo ajudado a arrumar aquele medicamento. Mas não, ele estava ali para agradecer, disse que tinha dois empregos, tinha alugado e mobilhado uma casa e m...

E peço ao balconista minha mãe

Meu pai era muito forte, Amava-o, mas não podia suportá-lo. Seu jeito de olhar, seu tom de voz me sufocavam e me faziam sentir medo. Suas criticas me geravam culpas, Culpas, que em minha pequenez não sabia administrar, Culpas, que transformavam as pessoas a minha volta em juízes, os quais precisava convencer a meu favor. Minha mãe, nunca enfrentou meu pai.  E eu também não. E sei que ela o temia muito. Ela me protegia. Me fazia esquecer toda culpa e também toda a realidade que me oprimia tanto, quando eu era tão frágil. Me alegrava e me fazia sentir gente, quando me ouvia falar, o que nem sabia bem o que. Quando estava em seu colo, podia sentir como em seu útero nadando no calor e na fluidez do líquido amniótico. Hoje meus pais não existem mais. Ainda me sinto oprimido pela culpa de tudo que faço, q uando sinto os olhos do meu pai em minha memória a me punir e a me julgar. Sem ninguém para me proteger, Procuro minha mãe para me fazer esquecer a dureza da realidade q...

Se você me tirar a bebida vai colocar o que no lugar?

Escuto sempre, entre familiares e amigos de etilistas eles dizerem que seus parentes ou amigos não devem beber mais. Que precisam eliminar a bebida de suas vidas. Certa vez em uma intervenção que fiz com uma pessoa completamente alcoolizada ouvi: Se eu não beber , me suicido. Você acha que minha vida é fácil? Estou longe da minha família, não tenho amigos... Minha vida é um inferno... Eu sabia que não era só a família distante e a falta de amigos que tornavam sua vida um inferno. A bebida também a tornava, mas antes de tudo isso uma grande quantidade de situações que ele não dava conta no seu dia a dia também. Alias foram essas situações que o fizeram afastar da família e dos amigos, quando não dava conta de resolver seus problemas de forma saudável e se refugiava na bebida. A falta de referenciais, de estímulos e mesmo condições básicas para seu desenvolvimento, aliadas a uma baixa estima e sensação de ser excluído por não possuir tudo aquilo que disseram para ele, através do ...