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Mostrando postagens com o rótulo etilogia da dependência

Um monstro na Cracolândia

Como tratar o crack? Alguém tem uma receita clara e objetiva? Em uma das Universidades mais conceituadas do Brasil dois grupos respeitadíssimos divergem na leitura da forma de lidar com algo que acompanha a humanidade desde que esta passou a ter esse nome. A droga, assim como qualquer outra substancia que colocamos para dentro de nosso organismo, o altera. O chocolate, a batata frita, o açúcar além do prazer nos trazem outros problemas como a diabete e o colesterol. O grande barato da droga seja ela qual for é mudar a realidade, a distorcendo, deixando-a mais excitante ou mais amena. A usamos desde as mais tenras datas para tentar ler o futuro, fluir pensamentos, descontrair e rompermos as barreiras da timidez e entrar em contato com outras pessoas. A história está recheada de drogas, nos oráculos, nos banquetes da filosofia, nas ceias, ela sempre esteve ao nosso lado. O que torna a droga problemática hoje é o fato de que algumas delas são usadas de forma tão compulsiva a pon...

Super Homens na Sarjeta

Sobre Ansiedade, Diazepam e Cachaça Tive oportunidade de atender enquanto estagiário do Albergue de Campinas, um rapaz muito ansioso, revoltado por não lhe terem receitado medicamento para dormir em uma consulta psiquiátrica. Ele estava bravo, e foi muito agressivo comigo quando tentei explicar o porquê o psiquiatra não teria lhe receitado tal medicamento. Mas ele insistia. Em certo momento, tive que aumentar o volume de minha voz e ser firme com ele. Os olhos vermelhos de raiva parecia indicarem que ele iria me agredir, mas não, saiu da sala e abandonou o albergue dizendo que não fazíamos nada por ele. Tempos depois, ele retornou e queria falar comigo. Queria me dar uma devolutiva daquele atendimento tão tenso. Num primeiro momento, até achei que ele iria me acusar de alguma desgraça que tenha acontecido na sua vida por eu não tê-lo ajudado a arrumar aquele medicamento. Mas não, ele estava ali para agradecer, disse que tinha dois empregos, tinha alugado e mobilhado uma casa e m...

E peço ao balconista minha mãe

Meu pai era muito forte, Amava-o, mas não podia suportá-lo. Seu jeito de olhar, seu tom de voz me sufocavam e me faziam sentir medo. Suas criticas me geravam culpas, Culpas, que em minha pequenez não sabia administrar, Culpas, que transformavam as pessoas a minha volta em juízes, os quais precisava convencer a meu favor. Minha mãe, nunca enfrentou meu pai.  E eu também não. E sei que ela o temia muito. Ela me protegia. Me fazia esquecer toda culpa e também toda a realidade que me oprimia tanto, quando eu era tão frágil. Me alegrava e me fazia sentir gente, quando me ouvia falar, o que nem sabia bem o que. Quando estava em seu colo, podia sentir como em seu útero nadando no calor e na fluidez do líquido amniótico. Hoje meus pais não existem mais. Ainda me sinto oprimido pela culpa de tudo que faço, q uando sinto os olhos do meu pai em minha memória a me punir e a me julgar. Sem ninguém para me proteger, Procuro minha mãe para me fazer esquecer a dureza da realidade q...