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Drogas e Direitos Humanos

Amigos Gostaria de poder contar com a ajuda de vocês para a uma questão muito importante que estamos vivendo neste momento. A questão das Drogas e dos Direitos Humanos. À custa de um discurso eleitoral, ideologia higienistas ou mesmo ignorância nossa sociedade tem deixado regredir nossos valores mais caros. O uso abusivo de drogas é um problema sério, que assola a família e a nossa sociedade. Colocando em risco a saúde e a segurança de nossos, filhos, irmãos, amigos e vizinhos. Mas a drogadição é antes uma doença que gera sofrimento primeiro e de forma mais intensa no drogadito. E embora doente ele, é uma pessoa, com uma historia, sentimento, sujeito de direito e de respeito dos demais. No desespero de querer ajudar, ou de mostrar serviço em época eleitoral, ou ainda limpar as cidades para os gringos de 2014 esses sujeitos doentes estão tendo seus direitos violados sendo vitimas de práticas que o tempo e pesquisas cientificas provaram não ter efeito. O uso da polícia contr...

Drogas, moradores de rua e humanidade

Sair das drogas requer muito mais que cuidados médicos. Requer uma infraestrutura ao redor que suporte o significado de uma vida sem drogas. Alias mais que isso, uma rede de significados e valores. Se eu estivesse falando de uma estrutura material somente, não seria justificada a dificuldade de tantas pessoas das classes A e B que hoje estão afundados nas drogas. Tive a oportunidade de conhecer famílias dessas classes cujos valores se baseavam no dinheiro ou no intelecto. “Você é importante para mim, veja o tanto que eu invisto em você!”; “Você tem que estudar para ser alguém na vida!”  Por acaso quem não estudou não é alguém? E como fica quem estudou, se formou, mas não se identifica com os estudos? Não se identifica com “ ser alguém ”? Os valores modernos baseados no ter e no ser distanciaram o ser humano de sua humanidade, e mais ainda das questões básicas de sua existência. Dai as mediações humanas ganharam caráter superficial e temporário. Quando alguém, mora...

Andarilho

Os rostos me assustam, quando se tornam comuns.  Quando passo a ver neles além do que eles são, enquanto paisagem.  Os lugares me cansam, quando não mudam aos meus olhos e me forçam a dar sentido a eles. Gosto de andar.  Gosto de este andar que coloca em linha reta pensamentos, que não sei muito bem se os tenho ou não.  Alias, quando ando meu andar são meus pensamentos. Minhas roupas são sempre as mesmas, isso sim não muda, pois são o que eu sou.  E sem elas, não sou ninguém não tenho identidade. Minha família sou eu mesmo.  Nasci de uma mulher, mas não quero falar sobre isso para não ter que lembrar de uma dor, que não sou capaz de suportar. Meu nome nem quero ouvir.  Não preciso dele, ele me limita, me prende a um lugar e a pessoas que não reconheço mais. Dizem que ando porque fujo de mim, mas fujo na verdade dessas pessoas que querem me prender em seus conceitos. Tenho o sol por meu pai, que me guia durante o dia, sem me cobrar nada,  A...

Mora na rua, não porque não tem casa, mas porque não cabe nela.

A população em situação de rua cresce no mesmo nível que nossa sociedade se torna complexa. Quem não suporta, ou se adapta a essa complexidade acaba por viver a margem dela. Quando morávamos nas cavernas, quem tinha medo de locais escuros e fechados tinha que se sujeitar a ficar nas intempéries do tempo. Desde o começo quem não caçava não comia a não ser que sujeitasse a generosidade de um caçador. Com o tempo foram cabendo outras habilidades e o dinheiro serviu como cambio para as trocas. Um não sabia caçar, mas sabia cozer o alimento muito bem, assim os dois comiam. Conforme fomos complicando nossa sociedade nem todo mundo pode se adaptar a ela para oferecer algo que tenha valor (segundo os critérios que foram sendo estabelecidos) suficiente para lhe garantir uma autonomia. O trabalho intelectual passou a ser valorizado de tal forma que quem era capaz de desenvolve-lo passou a ter muito mais do que precisava em muitos casos. E o que não era capaz, mesmo tendo varias outras habilida...

Dependente Químico ou Social

Não tenho duvida que as drogas, entre elas o álcool, são substancias que alteram profundamente a forma de funcionar do Sistema Nervoso Central. Que sua ausência, depois de um bom tempo de consumo frequente causa grande desequilíbrio e incomodo no organismo. Contudo tenho observado pessoas que passam dias sem usar a droga, meses, até anos, mas quando experimentam alguma situação emocional fora do basal para eles a droga sempre vem e bate forte. Quando acontece algo que os deixa muito alegres, muito tristes, preocupados e mesmo ansiosos, não dão conta que acabam rompendo o período de abstinência. A sociedade moderna atingiu um nível de complexidade e algo mais complexo que isso, de especificidade, que muitos não dão conta. Não porque são menos que os outros, mas porque são diferentes da estrutura que a sociedade criada espera deles. No passado e ainda hoje por algumas seitas as drogas são utilizadas em cerimonias religiosas para colocar o ser humano em contato com uma divindade, que seja...

Finge que é atendido que eu finjo que te atendo

Muitos profissionais da assistência, apesar da boa formação teórica, conhecimento da historia da assistência social ainda possuem grande dificuldade de se colocar como agente de efetiva assistência. O ranço assistencialista que ainda existe, toma formas diversas nos atendimentos atuais. A grande dificuldade de sair do próprio centro, dos próprios referenciais para enxergar o sujeito como ele se apresenta com seus próprios valores. Quando estudava psicopatologia na faculdade, a professora Marly, excelente professora, nos contou sobre o mito de Epicurio, um personagem que esticava ou cortava seus hospedes para caber em sua cama. Hoje vejo muitos profissionais ao atender, deformando seus usuários para encaixarem eles em seus encaminhamentos. Não estou dizendo que exista má fé desses profissionais. Alias Epicurio era uma pessoa muito generosa a sua maneira pelo que sei. Falta talvez um senso crítico e uma disponibilidade empática capaz de romper a barreira das individualidades. O efeito co...