Andarilho


Os rostos me assustam, quando se tornam comuns. 
Quando passo a ver neles além do que eles são, enquanto paisagem. 

Os lugares me cansam, quando não mudam aos meus olhos e me forçam a dar sentido a eles.

Gosto de andar. 
Gosto de este andar que coloca em linha reta pensamentos, que não sei muito bem se os tenho ou não. 
Alias, quando ando meu andar são meus pensamentos.

Minhas roupas são sempre as mesmas, isso sim não muda, pois são o que eu sou. 
E sem elas, não sou ninguém não tenho identidade.

Minha família sou eu mesmo. 
Nasci de uma mulher, mas não quero falar sobre isso para não ter que lembrar de uma dor, que não sou capaz de suportar.

Meu nome nem quero ouvir. 
Não preciso dele, ele me limita, me prende a um lugar e a pessoas que não reconheço mais.

Dizem que ando porque fujo de mim, mas fujo na verdade dessas pessoas que querem me prender em seus conceitos.

Tenho o sol por meu pai, que me guia durante o dia, sem me cobrar nada, 
A lua por minha mãe, que me cobre toda noite 
E o caminho como herança do que já passou, e está atrás e do que ainda há por vir que nem sempre está a minha frente.

Alias para mim não existe o por vir, mas apenas o agora
E isso me basta!

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