Postagens

Mostrando postagens com o rótulo morador de rua

Fazer caridade à custa de que?

Há quem doa roupas para proteger do frio, Mas não consegue esquentar um coração. Há quem dá toda sua riqueza aos pobres, Mas não lhes dá voz nem dignidade de agir por si. Há quem ao pobre dá trabalho, Mas continua o vendo como ninguém. Há quem reclame da inércia e da falta de protagonismo dos moradores de rua, Mas nunca acredita na capacidade deles de pensar, decidir e agir por si próprio com assertividade. Há quem doa alimento para nutrir o corpo de um mendigo, Mas suga sua alma com a indiferença da própria altivez.

Drogas, moradores de rua e humanidade

Sair das drogas requer muito mais que cuidados médicos. Requer uma infraestrutura ao redor que suporte o significado de uma vida sem drogas. Alias mais que isso, uma rede de significados e valores. Se eu estivesse falando de uma estrutura material somente, não seria justificada a dificuldade de tantas pessoas das classes A e B que hoje estão afundados nas drogas. Tive a oportunidade de conhecer famílias dessas classes cujos valores se baseavam no dinheiro ou no intelecto. “Você é importante para mim, veja o tanto que eu invisto em você!”; “Você tem que estudar para ser alguém na vida!”  Por acaso quem não estudou não é alguém? E como fica quem estudou, se formou, mas não se identifica com os estudos? Não se identifica com “ ser alguém ”? Os valores modernos baseados no ter e no ser distanciaram o ser humano de sua humanidade, e mais ainda das questões básicas de sua existência. Dai as mediações humanas ganharam caráter superficial e temporário. Quando alguém, mora...

Internação Compulsória x Vínculo

Tudo bem que quando em uso compulsivo da droga, principalmente o crack, dificilmente a pessoa está consciente suficiente para aderir ao tratamento. Até porque a compulsão pela droga é capaz de interferir nas suas funções psíquicas. Mas a questão é: A ajuda forçada funciona? Entendo o desespero, bem intencionado, de querer ajudar alguém que de forma compulsiva destrói sua vida. E que muitas vezes no ímpeto momentâneo de querer ajudar “tudo vale”. O que tenho aprendido sobre a dependência química é a importância do vínculo. Sem ele dificilmente há sucesso na intervenção. E daí o grande problema da internação compulsória é que ela dificulta grandemente, para não dizer que vai contra ao vínculo que pode ajudar o indivíduo. Não digo que seja impossível haver vínculo quando há internação compulsória, pois como psicólogo sei também que esse se dá das mais diversas formas e tem os mais diversos significados dentro da história de cada pessoa. É o vínculo que vai fazer o usuário a aderir ao trat...

Andarilho

Os rostos me assustam, quando se tornam comuns.  Quando passo a ver neles além do que eles são, enquanto paisagem.  Os lugares me cansam, quando não mudam aos meus olhos e me forçam a dar sentido a eles. Gosto de andar.  Gosto de este andar que coloca em linha reta pensamentos, que não sei muito bem se os tenho ou não.  Alias, quando ando meu andar são meus pensamentos. Minhas roupas são sempre as mesmas, isso sim não muda, pois são o que eu sou.  E sem elas, não sou ninguém não tenho identidade. Minha família sou eu mesmo.  Nasci de uma mulher, mas não quero falar sobre isso para não ter que lembrar de uma dor, que não sou capaz de suportar. Meu nome nem quero ouvir.  Não preciso dele, ele me limita, me prende a um lugar e a pessoas que não reconheço mais. Dizem que ando porque fujo de mim, mas fujo na verdade dessas pessoas que querem me prender em seus conceitos. Tenho o sol por meu pai, que me guia durante o dia, sem me cobrar nada,  A...

Bebado, Vagabundo???

É muito comum ouvir adjetivos, como bêbado, vagabundo, se referindo a pessoas que se encontram a margem da sociedade, jogadas pelas ruas. E muitas vezes embebidos por um espírito não cristão ouvimos: "esses caras tem que sofrer mesmo para apreender..." Quando deixamos o preconceito de lado, para dar lugar a observação mais atenta, podemos perceber que as coisas não são tão simples assim. Que não trabalhar, ou beber, não é tão um ato voluntário quanto é um ato de fuga de um peso, que por não sentirmos em nossas costas, impostos pela complexidade social ignoramos naqueles que por conta de sua estrutura psíquica não dão conta. Essa falta de estrutura psíquica para suportar essa complexidade social pode ter varias causas, entre elas uma falta de estrutura social durante o desenvolvimento, privações, ou mesmo características neurofisiológicas que não os tornam menor que um deputado que não tem cabelo. Esse segundo não é marginalizado porque o funcionamento fisiológico dele parou d...

"O morador de rua não se vê como cidadão. Como alguém que tem direitos"

Site Medicos sem fronteiras Médico do projeto Meio-fio, de MSF, que oferece atendimento médico e psicossocial à população em situação de rua no Rio de Janeiro, David Oliveira fala nesta entrevista sobre as dificuldades enfrentadas por esta população no que diz respeito à saúde. Quais as dificuldades enfrentadas pela população adulta em situação de rua no que diz respeito às questões de saúde? Quando falamos de saúde não se trata apenas de ausência de doença. A saúde é a presença do bem estar na vida do indivíduo. É ele se sentir integrado ao meio em que vive, aceito, amado, enfim, feliz. Vou falar aqui das dificuldades relacionadas à área médica e à problemas clínicos. A primeira grande questão é que a pessoa que vive nas ruas tem um risco maior de adquirir doenças: Alimenta-se mal, está submetido a alterações climáticas, dorme mal, compartilha espaços aglomerados e vive sob intenso nível de stress, com medo de ser roubada ou agredida. Outra dificuldade é a da percepção do indivi...

Século 21 convive com um novo perfil de morador de rua

Cerca de 1% da população de uma cidade do porte de São Paulo, com aproximadamente 18 milhões de habitantes, vive em situação de rua. Mas o perfil do morador de rua atual não é mais representado pela figura do imigrante, geralmente negro, com pouca escolaridade e desempregado. Aliás, não há perfil homogêneo para traçar a população que vive nas ruas, como define Aldaíza Sposati, secretária de Serviço e Assistência Social do Município de São Paulo. Apesar de fatores como demência, abandono, drogas e álcool serem responsáveis por levarem algumas pessoas à viverem nas ruas, segundo Aldaíza, a exclusão social e econômica ainda é a grande vilã. O tema foi amplamente debatido durante o Seminário Internacional “Rompendo a barreira da exclusão: populações de rua e políticas públicas”, realizado pela Faculdade de Saúde Pública da USP, nesta última segunda-feira, 25/08. Marcio Pochman, secretário da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade do Município de São Paulo, enfatizou que ex...

Moradores de Rua

Problema social: Trata-se de um problema social de grandes proporções. Têm sido verificado um aumento de tal população, apontando-se como causa deste fenômeno: “A vida nas ruas é conseqüência do desemprego estrutural, da precariedade das relações trabalhistas e da desvalorização do trabalho. É igualmente a denúncia permanente da falta de políticas públicas favoráveis aos trabalhadores e à população empobrecida, bem como do compromisso do Estado com as elites escandalosamente ricas e privilegiadas” O modo como demais membros da sociedade encaram dita população vai da indiferença à violência. Vivemos numa época que em muito se assemelha à Idade Média, no sentido de que muitos se recolhem na segurança de seus lares, protegidos por muros e cercas (à semelhança do que ocorria nos castelos medievais), ignorando-se os que estão à nossa volta, indiferentes ao que ocorre ao lado. Outros, por sua vez, como se tencionando criar uma espécie de ‘limpeza social’ (variação de Eugenia?), entregam-se à...

Moradores de Rua

Voltando ao assunto relativo aos moradores de rua, vi duas notícias interessantes que pretendo comentar: 1ª Com ajuda, moradores de rua se recuperam em SP “Pelo menos 30% dos moradores de rua que recebem apoio de ONGs e órgãos do governo conseguem se recuperar e voltar a levar uma vida normal, com casa e trabalho. Os dados são da secretaria municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Atualmente, segundo levantamento da secretaria, há cerca de 13 mil moradores de rua na cidade de São Paulo. O caminho de volta para a sociedade é complexo. Além de apoio, essas pessoas precisam ter esperança e de um encontro transformador – diz a psicóloga Aparecida Magali de Souza Alvarez, especialista que acompanhou, por 10 anos, grupos de moradores de rua da capital. A situação miserável em que vivem, a higiene precária e a violência a que são submetidos dão a sensação de que não há qualquer perspectiva para essas pessoas. Mas a decadência que parece definitiva pode, sim, ser revertida. A notícia...

Moradores de Rua

Moradores de rua24Fev08 Ads by Google Habitação sustentável Projeto de arquitetura com soluções diretrizes e materiais sustentáveis www.pentagramaprojetos.com.br Andando pelas grandes cidades, por todo canto que olhamos, lá estão eles, os ‘Moradores de Rua’. Muitos passam, dão uma rápida ‘bisoiada’ e desviam o olhar. É uma situação incômoda, difícil de conviver. Certa vez vi um filme (”À primeira vista“) onde um cego, por uma maravilha da medicina voltou à enxergar. Ele andava pelas ruas com a namorada, quando viu um morador-de-rua, perguntou a ela: “o que é isso?”; ao que ela respondeu: “nada”. Ele, inconformado, parou, viu que era um homem e exclamou assustado: “é um homem, um ser humano! Como você pode dizer que não é nada?!?!”. Não critico a namorada, geralmente estamos tão cauterizados com esse tipo de coisa (do mesmo modo como nos ‘acostumamos’ com pessoas morrendo em filas de hospitais), que acabamos por achando tal coisa comum, ‘ah, não é nada’. Mas falemos um pouco sobre esta...

MORADORES DE RUA - paredes imaginárias, corpo criativo

André Teruya Eichemberg Quem são essas pessoas que procuram por sobrevivência aos olhos de todos, percorrendo as veias da cidade, construindo espaços reais num mundo ilusório? Um saco plástico torna-se chapéu, um pedaço de jornal transforma-se em cobertor, um papelão, em parede. Ao falar em morador de rua estaremos, inevitavelmente, falando sobre um modo de vida, uma interação intensa na qual se pode experimentar o novo e presenciar raros momentos de pureza, de arte (vide Gentileza) e de ruptura do véu amorfo que cobre a cidade contemporânea. Em um país como o Brasil, onde as diferenças sociais são espantosas, a política habitacional deficitária e os espaços públicos, sendo "mortos", a arquitetura transforma-se, cada vez mais, em política de embelezamento e de sociabilização controlada, de espaços enclausurados, vigiados. O medo do invisível torna-se o próprio reflexo de um muro nos olhos dos habitantes, um muro paranóico, violento e desolador, que o homem contemporâneo vem ...