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Mostrando postagens de maio, 2011

The impact of a father (legendado)

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E peço ao balconista minha mãe

Meu pai era muito forte, Amava-o, mas não podia suportá-lo. Seu jeito de olhar, seu tom de voz me sufocavam e me faziam sentir medo. Suas criticas me geravam culpas, Culpas, que em minha pequenez não sabia administrar, Culpas, que transformavam as pessoas a minha volta em juízes, os quais precisava convencer a meu favor. Minha mãe, nunca enfrentou meu pai.  E eu também não. E sei que ela o temia muito. Ela me protegia. Me fazia esquecer toda culpa e também toda a realidade que me oprimia tanto, quando eu era tão frágil. Me alegrava e me fazia sentir gente, quando me ouvia falar, o que nem sabia bem o que. Quando estava em seu colo, podia sentir como em seu útero nadando no calor e na fluidez do líquido amniótico. Hoje meus pais não existem mais. Ainda me sinto oprimido pela culpa de tudo que faço, q uando sinto os olhos do meu pai em minha memória a me punir e a me julgar. Sem ninguém para me proteger, Procuro minha mãe para me fazer esquecer a dureza da realidade que n

A janela pela qual eu ouço o mundo

Minha casa tem janelas Umas maiores outras bem pequenas E por elas eu vejo a paisagem, Sinto o cheiro das flores, A suavidade do ar que vem do sul, Por uma delas eu ouço bem baixinho o som dos passarinhos que cantam lá fora, Bem baixinho mesmo! Os adultos a minha volta, queriam muito que eu pudesse ouvir melhor os pássaros, muito embora, eu me contente em vê-los de outra janela. Suas cores são exuberantes e seus movimentos são graciosos. Me incomoda como os adultos não percebem isso. Apesar de não ouvir seus cantos, os pássaros se comunicam comigo com seus movimentos, Entram pela janela na minha imaginação e brincam comigo nas tardes vazias. Mas nem sempre estou disponível para brincar com eles, pois sempre sou colocado de frente à janela para escutá-los Mas quase não ouço nada, e chego a ter sono. Preferiria brincar com eles, a ter que ouvi-los tão distantes. Certa vez um pedreiro tentou alargar essa janela, tentando me fazer ouvir melhor, Não adian

ALGUÉM QUE ME TOCA

Levei um susto... E por conta deste susto, fechei os olhos para não ver o que me assustara, De olhos fechados, mergulhei num mundo vazio e solitário, Habitado somente por minhas assombrações. A cada dia essas assombrações estavam mais próximas, Mais reais, As pessoas a minha volta, ora se preocupavam comigo, ora me transformavam em um monstro, que deveria ser evitado e isolado e por isso, a cada dia, se tornava mais difícil voltar a abrir os olhos. Havia o medo do que me assustara a principio, mas havia também o medo de me olhar no espelho e ver o monstro que eu me tornara. A cada dia o mundo real se misturava ao mundo das sombras As sensações e percepções que experimentava, me criavam vertigens e tornava mais tenebrosas as assombrações... Alguém me toca, E antes de falar qualquer coisa, tenta me escutar A princípio, temo que seja mais um espectro a me assombrar e fujo Mas ele insiste em estar próximo, Sempre nos mesmos dias e horários, ele está ali atrás de minha cabeça, Até que eu