ALGUÉM QUE ME TOCA

Levei um susto...
E por conta deste susto, fechei os olhos para não ver o que me assustara,
De olhos fechados, mergulhei num mundo vazio e solitário,
Habitado somente por minhas assombrações.
A cada dia essas assombrações estavam mais próximas,
Mais reais,
As pessoas a minha volta, ora se preocupavam comigo, ora me transformavam em um monstro, que deveria ser evitado e isolado
e por isso, a cada dia, se tornava mais difícil voltar a abrir os olhos.
Havia o medo do que me assustara a principio, mas havia também o medo de me olhar no espelho e ver o monstro que eu me tornara.
A cada dia o mundo real se misturava ao mundo das sombras
As sensações e percepções que experimentava, me criavam vertigens e tornava mais tenebrosas as assombrações...
Alguém me toca,
E antes de falar qualquer coisa, tenta me escutar
A princípio, temo que seja mais um espectro a me assombrar e fujo
Mas ele insiste em estar próximo,
Sempre nos mesmos dias e horários, ele está ali atrás de minha cabeça,
Até que eu me acostume com sua presença
Então começo a falar,
Não o que me assusta, mas o que pode o assustar, para quem sabe me abandonar e me deixar em paz no meu martírio.
Mas ele persiste... e não demonstra medo
E por não demonstrar medo, fico intrigado e começo a abrir para ele minhas caixas mais escuras
Ele não se abala
E ainda por cima me incentiva a olhar estas caixas
E a cada olhar, uma vela se acende
E a cada vela um monstro desaparece
Abro os olhos então e não consigo suportar a luz
Muito tempo de olho fechado me desacostumou a comtemplar o dia.
Começo pelas sombras...
E, lentamente, passo a comtemplar o mundo por seu reflexo na água
Até então, poder um dia olhar face a face quem me tocou
Quem me fez viver novamente.

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