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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Fazer caridade à custa de que?

Há quem doa roupas para proteger do frio, Mas não consegue esquentar um coração. Há quem dá toda sua riqueza aos pobres, Mas não lhes dá voz nem dignidade de agir por si. Há quem ao pobre dá trabalho, Mas continua o vendo como ninguém. Há quem reclame da inércia e da falta de protagonismo dos moradores de rua, Mas nunca acredita na capacidade deles de pensar, decidir e agir por si próprio com assertividade. Há quem doa alimento para nutrir o corpo de um mendigo, Mas suga sua alma com a indiferença da própria altivez.

Drogas, moradores de rua e humanidade

Sair das drogas requer muito mais que cuidados médicos. Requer uma infraestrutura ao redor que suporte o significado de uma vida sem drogas. Alias mais que isso, uma rede de significados e valores. Se eu estivesse falando de uma estrutura material somente, não seria justificada a dificuldade de tantas pessoas das classes A e B que hoje estão afundados nas drogas. Tive a oportunidade de conhecer famílias dessas classes cujos valores se baseavam no dinheiro ou no intelecto. “Você é importante para mim, veja o tanto que eu invisto em você!”; “Você tem que estudar para ser alguém na vida!”  Por acaso quem não estudou não é alguém? E como fica quem estudou, se formou, mas não se identifica com os estudos? Não se identifica com “ ser alguém ”? Os valores modernos baseados no ter e no ser distanciaram o ser humano de sua humanidade, e mais ainda das questões básicas de sua existência. Dai as mediações humanas ganharam caráter superficial e temporário. Quando alguém, morador

Internação Compulsória x Vínculo

Tudo bem que quando em uso compulsivo da droga, principalmente o crack, dificilmente a pessoa está consciente suficiente para aderir ao tratamento. Até porque a compulsão pela droga é capaz de interferir nas suas funções psíquicas. Mas a questão é: A ajuda forçada funciona? Entendo o desespero, bem intencionado, de querer ajudar alguém que de forma compulsiva destrói sua vida. E que muitas vezes no ímpeto momentâneo de querer ajudar “tudo vale”. O que tenho aprendido sobre a dependência química é a importância do vínculo. Sem ele dificilmente há sucesso na intervenção. E daí o grande problema da internação compulsória é que ela dificulta grandemente, para não dizer que vai contra ao vínculo que pode ajudar o indivíduo. Não digo que seja impossível haver vínculo quando há internação compulsória, pois como psicólogo sei também que esse se dá das mais diversas formas e tem os mais diversos significados dentro da história de cada pessoa. É o vínculo que vai fazer o usuário a aderir ao trat