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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Ken Robinson: Changing Paradigms (Spanish)

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O indisciplinado

O que fazer com um aluno indisciplinado? Em um primeiro momento nos vem à mente punições, oferecer limites e mais limites para a indisciplina dele. Mas será a indisciplina somente a falta de limites? Tive a oportunidade certa vez de atender um garoto, encaminhado por sua escola por conta de seu comportamento inconveniente. Nunca parava sentado e o tempo todo estava conversando. Logo no primeiro atendimento, em uma atividade de desenho notei que ele aproximou de mais o rosto da folha. Estava na minha frente um míope cuja urgência era de um oftalmologista e não de um psicólogo. Fiz um breve teste de acuidade visual para confirmar a observação e o encaminhei para o centro de saúde. Mantive por um mês após ele ganhar o óculos o atendimento, duas vezes por semana com a finalidade de motiva-lo a descobri r o mundo que antes não enxergara. Foi mágico! Muito rápido ele apreendeu a ler e passou a se interessar pelo que a professora ensinava. Tenho que confessar que ele ainda continuou a ser

O segredo do prontuário

É sabido que em qualquer serviço, seja na saúde ou na assistência, que o usuário tem direito ao acesso a seu prontuário. Tem direito de saber tudo que escrevem ou pensam sobre ele. É comum contudo ver pessoas que suprimem anotações ou sonegam do usuário o acesso à elas justificando que talvez ele não esteja preparado para a suprema verdade que o "técnico" tem sobre ele. Reconheço que em muitos casos o usuário não tem tantos recursos para digerir tão brutamente "uma verdade" seja por sua fragilidade ou pela complexidade da mesma. E se faz necessario uma habilidade por parte do técnico para poder se colocar, ou construir a partir de onde está o usuário essa "verdade". Mas existem questões que não podem ser ignoradas.A primeira delas é a relatividade da verdade, do que é verdadeiro para o técnico e o que é a verdade absoluta se é que ela existe. Lembro-me de um livro da coleção Primeiros Passos, O que é Realidade escrito por João Francisco Duarte Junior, que

Bebado, Vagabundo???

É muito comum ouvir adjetivos, como bêbado, vagabundo, se referindo a pessoas que se encontram a margem da sociedade, jogadas pelas ruas. E muitas vezes embebidos por um espírito não cristão ouvimos: "esses caras tem que sofrer mesmo para apreender..." Quando deixamos o preconceito de lado, para dar lugar a observação mais atenta, podemos perceber que as coisas não são tão simples assim. Que não trabalhar, ou beber, não é tão um ato voluntário quanto é um ato de fuga de um peso, que por não sentirmos em nossas costas, impostos pela complexidade social ignoramos naqueles que por conta de sua estrutura psíquica não dão conta. Essa falta de estrutura psíquica para suportar essa complexidade social pode ter varias causas, entre elas uma falta de estrutura social durante o desenvolvimento, privações, ou mesmo características neurofisiológicas que não os tornam menor que um deputado que não tem cabelo. Esse segundo não é marginalizado porque o funcionamento fisiológico dele parou d

Mora na rua, não porque não tem casa, mas porque não cabe nela.

A população em situação de rua cresce no mesmo nível que nossa sociedade se torna complexa. Quem não suporta, ou se adapta a essa complexidade acaba por viver a margem dela. Quando morávamos nas cavernas, quem tinha medo de locais escuros e fechados tinha que se sujeitar a ficar nas intempéries do tempo. Desde o começo quem não caçava não comia a não ser que sujeitasse a generosidade de um caçador. Com o tempo foram cabendo outras habilidades e o dinheiro serviu como cambio para as trocas. Um não sabia caçar, mas sabia cozer o alimento muito bem, assim os dois comiam. Conforme fomos complicando nossa sociedade nem todo mundo pode se adaptar a ela para oferecer algo que tenha valor (segundo os critérios que foram sendo estabelecidos) suficiente para lhe garantir uma autonomia. O trabalho intelectual passou a ser valorizado de tal forma que quem era capaz de desenvolve-lo passou a ter muito mais do que precisava em muitos casos. E o que não era capaz, mesmo tendo varias outras habilida

Dependente Químico ou Social

Não tenho duvida que as drogas, entre elas o álcool, são substancias que alteram profundamente a forma de funcionar do Sistema Nervoso Central. Que sua ausência, depois de um bom tempo de consumo frequente causa grande desequilíbrio e incomodo no organismo. Contudo tenho observado pessoas que passam dias sem usar a droga, meses, até anos, mas quando experimentam alguma situação emocional fora do basal para eles a droga sempre vem e bate forte. Quando acontece algo que os deixa muito alegres, muito tristes, preocupados e mesmo ansiosos, não dão conta que acabam rompendo o período de abstinência. A sociedade moderna atingiu um nível de complexidade e algo mais complexo que isso, de especificidade, que muitos não dão conta. Não porque são menos que os outros, mas porque são diferentes da estrutura que a sociedade criada espera deles. No passado e ainda hoje por algumas seitas as drogas são utilizadas em cerimonias religiosas para colocar o ser humano em contato com uma divindade, que seja

Finge que é atendido que eu finjo que te atendo

Muitos profissionais da assistência, apesar da boa formação teórica, conhecimento da historia da assistência social ainda possuem grande dificuldade de se colocar como agente de efetiva assistência. O ranço assistencialista que ainda existe, toma formas diversas nos atendimentos atuais. A grande dificuldade de sair do próprio centro, dos próprios referenciais para enxergar o sujeito como ele se apresenta com seus próprios valores. Quando estudava psicopatologia na faculdade, a professora Marly, excelente professora, nos contou sobre o mito de Epicurio, um personagem que esticava ou cortava seus hospedes para caber em sua cama. Hoje vejo muitos profissionais ao atender, deformando seus usuários para encaixarem eles em seus encaminhamentos. Não estou dizendo que exista má fé desses profissionais. Alias Epicurio era uma pessoa muito generosa a sua maneira pelo que sei. Falta talvez um senso crítico e uma disponibilidade empática capaz de romper a barreira das individualidades. O efeito co