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Mostrando postagens com o rótulo pessoas em situação de rua

Drogas, moradores de rua e humanidade

Sair das drogas requer muito mais que cuidados médicos. Requer uma infraestrutura ao redor que suporte o significado de uma vida sem drogas. Alias mais que isso, uma rede de significados e valores. Se eu estivesse falando de uma estrutura material somente, não seria justificada a dificuldade de tantas pessoas das classes A e B que hoje estão afundados nas drogas. Tive a oportunidade de conhecer famílias dessas classes cujos valores se baseavam no dinheiro ou no intelecto. “Você é importante para mim, veja o tanto que eu invisto em você!”; “Você tem que estudar para ser alguém na vida!”  Por acaso quem não estudou não é alguém? E como fica quem estudou, se formou, mas não se identifica com os estudos? Não se identifica com “ ser alguém ”? Os valores modernos baseados no ter e no ser distanciaram o ser humano de sua humanidade, e mais ainda das questões básicas de sua existência. Dai as mediações humanas ganharam caráter superficial e temporário. Quando alguém, mora...

Super Homens na Sarjeta

Sobre Ansiedade, Diazepam e Cachaça Tive oportunidade de atender enquanto estagiário do Albergue de Campinas, um rapaz muito ansioso, revoltado por não lhe terem receitado medicamento para dormir em uma consulta psiquiátrica. Ele estava bravo, e foi muito agressivo comigo quando tentei explicar o porquê o psiquiatra não teria lhe receitado tal medicamento. Mas ele insistia. Em certo momento, tive que aumentar o volume de minha voz e ser firme com ele. Os olhos vermelhos de raiva parecia indicarem que ele iria me agredir, mas não, saiu da sala e abandonou o albergue dizendo que não fazíamos nada por ele. Tempos depois, ele retornou e queria falar comigo. Queria me dar uma devolutiva daquele atendimento tão tenso. Num primeiro momento, até achei que ele iria me acusar de alguma desgraça que tenha acontecido na sua vida por eu não tê-lo ajudado a arrumar aquele medicamento. Mas não, ele estava ali para agradecer, disse que tinha dois empregos, tinha alugado e mobilhado uma casa e m...

Andarilho

Os rostos me assustam, quando se tornam comuns.  Quando passo a ver neles além do que eles são, enquanto paisagem.  Os lugares me cansam, quando não mudam aos meus olhos e me forçam a dar sentido a eles. Gosto de andar.  Gosto de este andar que coloca em linha reta pensamentos, que não sei muito bem se os tenho ou não.  Alias, quando ando meu andar são meus pensamentos. Minhas roupas são sempre as mesmas, isso sim não muda, pois são o que eu sou.  E sem elas, não sou ninguém não tenho identidade. Minha família sou eu mesmo.  Nasci de uma mulher, mas não quero falar sobre isso para não ter que lembrar de uma dor, que não sou capaz de suportar. Meu nome nem quero ouvir.  Não preciso dele, ele me limita, me prende a um lugar e a pessoas que não reconheço mais. Dizem que ando porque fujo de mim, mas fujo na verdade dessas pessoas que querem me prender em seus conceitos. Tenho o sol por meu pai, que me guia durante o dia, sem me cobrar nada,  A...

Se você me tirar a bebida vai colocar o que no lugar?

Escuto sempre, entre familiares e amigos de etilistas eles dizerem que seus parentes ou amigos não devem beber mais. Que precisam eliminar a bebida de suas vidas. Certa vez em uma intervenção que fiz com uma pessoa completamente alcoolizada ouvi: Se eu não beber , me suicido. Você acha que minha vida é fácil? Estou longe da minha família, não tenho amigos... Minha vida é um inferno... Eu sabia que não era só a família distante e a falta de amigos que tornavam sua vida um inferno. A bebida também a tornava, mas antes de tudo isso uma grande quantidade de situações que ele não dava conta no seu dia a dia também. Alias foram essas situações que o fizeram afastar da família e dos amigos, quando não dava conta de resolver seus problemas de forma saudável e se refugiava na bebida. A falta de referenciais, de estímulos e mesmo condições básicas para seu desenvolvimento, aliadas a uma baixa estima e sensação de ser excluído por não possuir tudo aquilo que disseram para ele, através do ...

Instituição

Quando se trata de pessoas que estavam em situação de rua dentro de abrigos temos que considerar a alienação que o sujeito tem quando não participa da construção de seu projeto ou das modificações de seu espaço como fator negativo em seu desenvolvimento. Em instituições onde os profissionais ou outras instâncias determinam o projeto de vida dos usuários, privam os mesmos de experimentar e decidir por si próprios, modificam as regras ou a sua rotina como se fossem os grande sabedores do que é melhor para ele, estão na verdade o privando do que ele tem de mais precioso, que é sua autonomia. Alienando-o das decisões o tornam privados da interação efetiva com a realidade de que tanto precisam para se desenvolver. Neste caso é importante não ceder a tentação de decidir pelo usuário, quando o papel necessário seria de lhe dar assistência e suporte para ajudar a lidar com a realidade. Mesmo a dependência química, problemática importante para essa população, parece ter importância diminu...

Entrevista para a Assessoria de Imprensa da Arquidiocese de Campinas Sobre Pessoas em Situação de Rua e Drogas

As drogas e os moradores de rua O frio bate no corpo. A solidão anseia por uma companhia. A palavra se cala e o sono se perde. Acorrentados pelo vício das drogas, sejam elas licitas ou ilícitas, moradores de rua as usam frequentemente para saciar a sede de humanidade. Longe da família, sem grandes amigos e muitas vezes distantes desse mundo, moradores de rua tem acesso fácil as drogas. Os efeitos refletem no corpo, e somados a má e pouca alimentação causam danos, muitas vezes, irreparáveis. Em conversa com o psicólogo clínico social formado pela PUC-Campinas, Leonardo Duart Bastos, algumas características da relação dos moradores de rua com as drogas nos é apresentado. Leonardo trabalha na Cáritas Arquidiocesana de Campinas, no Projeto da Casa António Fernando dos Santos. Uma casa transitória para pessoas que estavam em situação de rua e estão procurando o resgate da cidadania e a reinserção social. Entre outras atividades, Leonardo d...

Entrevista com a Betty Abrahão

Entrevista com Betty Abrahão no programa Betty Abrahão e Você. O tema da entrevista foi Pessoas em situação de rua. A gravação é de celular. Dividi em duas partes: Parte um: http://www.youtube.com/watch?v=x1L9_n2aPxU Parte dois: http://www.youtube.com/watch?v=PoH-5gKk0wg Assim que eu conseguir o vt original eu posto. abraços