Instituição

Quando se trata de pessoas que estavam em situação de rua dentro de abrigos temos que considerar a alienação que o sujeito tem quando não participa da construção de seu projeto ou das modificações de seu espaço como fator negativo em seu desenvolvimento.

Em instituições onde os profissionais ou outras instâncias determinam o projeto de vida dos usuários, privam os mesmos de experimentar e decidir por si próprios, modificam as regras ou a sua rotina como se fossem os grande sabedores do que é melhor para ele, estão na verdade o privando do que ele tem de mais precioso, que é sua autonomia. Alienando-o das decisões o tornam privados da interação efetiva com a realidade de que tanto precisam para se desenvolver. Neste caso é importante não ceder a tentação de decidir pelo usuário, quando o papel necessário seria de lhe dar assistência e suporte para ajudar a lidar com a realidade.

Mesmo a dependência química, problemática importante para essa população, parece ter importância diminuída quando consideramos outros fatores que interferem na relação do morador consigo mesmo e com a sociedade. Isso é notado nos casos em que o morador consegue se manter abstinente ou mesmo fazer uso controlado de substância psicoativa por meses ou até anos, mas que por conta de uma tensão com a realidade relacional/social perde todo o controle e acaba por regredir ao uso descontrolado da substancias. Outra observação importante é que nos casos de abstinência por período considerável a recaída é sempre precedida de uma tensão emocional, ocasionada por algum fator externo. Isso demonstra sua fragilidade em lidar com a realidade e a necessidade de um crescimento nessa relação.

A valorização de sua autonomia e a construção de espaços de participação nas decisões do abrigo, o apoio transparente e coerente dos técnicos e monitores tem sido crucial para o desenvolvimento do usuário e, por conseguinte do projeto.

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